Eu sou o mar...
Talvez um pedaço de mar
Revolto. Osciloso
Entre o sal e o sol
Eu sou o mar
No qual do pier se vê
Ao longe um navio sumir
Como se fosse o fim desse mar
E o começo de um outro que também sou eu
Preguiçoso.
Padrinho do peixe
Algoz do anzol
Eu sou o mar
Nadando pra morrer de cede no chão.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Maria das graças
Não sei que graça sente o vento
Rasgando as nuvens por aí
Rasgando as nuvens por aí
Não sei a graça que sente a chuva
Regando plantas e peles mudas
Regando plantas e peles mudas
Sei lá qual graça sente a pele
Cobrindo a pelves, os seios fartos
Cobrindo a pelves, os seios fartos
Sei só
Que em minha próxima vida
Que em minha próxima vida
Não quero vir palhaço
Quero vir platéia
E assim saber da graça
Das desgraças, do voo das garças.
Quero vir platéia
E assim saber da graça
Das desgraças, do voo das garças.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Buffet zodiacal
Hoje acordei meio Augusto dos Anjos
Uma espécie de Lima Barreto ao contrário
Perdi o horário
O dia está feio
Parece que a morte está de tocaia
Manchei o meu terno
Lancei meu traquejo nas ondas da praia.
Hoje eu acordei meio Manuel Bandeira
No cabaré rítmico de Mario de Andrade
Parei de averiguar no dicionário
Quebrei os sonetos pelo meio
Dancei nas estrófes da ante-vida cobaia
É inferno astral ou tensão pré-literal
Mas sendo de peixes, assim feito eu sou, é tudo normal.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
A filha da Baby
Dias, esses teus quatorze anos encomodam
Dias, esses teus cabelos brancos
Padrasto, que é Deus, penitência
Pai, que sou Eu, passo a mão
Embalado no colo, meu filho
Marca o tempo em que não sou bom
Padrasto, que é Deus, vira herói
Pai, que sou Eu, lobo mau.
Dias, esses teus cabelos brancos
Padrasto, que é Deus, penitência
Pai, que sou Eu, passo a mão
Embalado no colo, meu filho
Marca o tempo em que não sou bom
Padrasto, que é Deus, vira herói
Pai, que sou Eu, lobo mau.
sábado, 19 de novembro de 2011
A roupa invisível do rei
Minha mente brinca de enfeitar
Desconchavos com plumas e paetês
Brinca de passar baton
Na boca do verbo ser
Sisma de dançar sem par
Sisma de andar a pé
Teima feito um animal que amor se vê.
Desconchavos com plumas e paetês
Brinca de passar baton
Na boca do verbo ser
Sisma de dançar sem par
Sisma de andar a pé
Teima feito um animal que amor se vê.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Avarandado
A praia
Enfrente a minha varanda
Anda
Anda e nem me olha
A onda que quebra em mim
Molha-me
Molha-me e nem com ela
No quiproquó da arrebentação
Eu nado
Nado. Afogo. Nado.
E meu romance nada.
terça-feira, 15 de novembro de 2011
100°
Metodicamente, o ponto de ebulição é no assalto em que se enfrentam o que eu quero e o que o outro quer.
Daí pra frente tudo é sangue ou cicatriz.
Daí pra frente tudo é sangue ou cicatriz.
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