sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Garoto!

Hálito fresco de pastilha Garoto
Rosto risonho de homem garoto
Garoto, garoto
Desses que empinam pipas e brincam com bilboquês

No espelho de olhares dos garotos de hoje
Que fogem dos lares atrás de esplendor
Eu já nem sou garoto mais

Saudades do tempo em que a rebeldia era o choro
Por tombos ou surras de varas verdes

Hoje, garotos são homens desde garotos
Homens, homens
Com coragem e força
A dar os nós da própria forca

Saudades do tempo
Em que mamãe só precisava olhar e dizer:

- Garoto, garoto!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Pedaço de mar

Eu sou o mar...
Talvez um pedaço de mar 
Revolto. Osciloso
Entre o sal e o sol 


Eu sou o mar 
No qual do pier se vê
Ao longe um navio sumir 
Como se fosse o fim desse mar 
E o começo de um outro que também sou eu 


Preguiçoso.
Padrinho do peixe
Algoz do anzol


Eu sou o mar
Nadando pra morrer de cede no chão.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Maria das graças


Não sei que graça sente o vento
Rasgando as nuvens por aí


Não sei a graça que sente a chuva
Regando plantas e peles mudas


Sei lá qual graça sente a pele
Cobrindo a pelves, os seios fartos


Sei só
Que em minha próxima vida

Não quero vir palhaço
Quero vir platéia

E assim saber da graça
Das desgraças, do voo das garças.


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Buffet zodiacal

Hoje acordei meio Augusto dos Anjos
Uma espécie de Lima Barreto ao contrário

Perdi o horário
O dia está feio
Parece que a morte está de tocaia

Manchei o meu terno
Lancei meu traquejo nas ondas da praia.

Hoje eu acordei meio Manuel Bandeira
No cabaré rítmico de Mario de Andrade

Parei de averiguar no dicionário
Quebrei os sonetos pelo meio
Dancei nas estrófes da ante-vida cobaia

É inferno astral ou tensão pré-literal
Mas sendo de peixes, assim feito eu sou, é tudo normal.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A filha da Baby

Dias, esses teus quatorze anos encomodam
Dias, esses teus cabelos brancos


Padrasto, que é Deus, penitência
Pai, que sou Eu, passo a mão


Embalado no colo, meu filho
Marca o tempo em que não sou bom


Padrasto, que é Deus, vira herói
Pai, que sou Eu, lobo mau.

sábado, 19 de novembro de 2011

A roupa invisível do rei

Minha mente brinca de enfeitar
Desconchavos com plumas e paetês
Brinca de passar baton 
Na boca do verbo ser 


Sisma de dançar sem par
Sisma de andar a pé 
Teima feito um animal que amor se vê.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Avarandado

A praia
Enfrente a minha varanda
Anda
Anda e nem me olha

A onda que quebra em mim
Molha-me
Molha-me e nem com ela

No quiproquó da arrebentação
Eu nado
Nado. Afogo. Nado.

E meu romance nada.